Você sabe quais são os fatores de risco associados a pressão alta?
Estarmos informados sobre estes fatores de risco é uma maneira de nos encorajar a fazer mudanças necessárias na nossa dieta e estilo de vida, afim de nos prevenir deste (e de outros) problemas de saúde com tantas consequências serias.
. Fatores de risco para hipertensão arterial
Existem evidências científicas de que vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver pressão alta, incluindo:
. Envelhecimento - até mesmo crianças podem desenvolver hipertensão agora, a prevalência de casos de hipertensão é muito maior entre crianças com sobrepeso ou obesidade. (1)
Além disso, a hipertensão arterial é uma condição que aumenta a incidência dramaticamente com o envelhecimento. E o aumento do risco de problemas cardíacos conforme envelhecemos está relacionado a mecanismos “comuns ao envelhecimento” que incluem inflamação, estresse oxidativo e disfunção endotelial. ( 2, 3, 4)
. Sexo - até os 64 anos, a hipertensão é mais comum em homens - depois dos 65 anos, as mulheres são mais propensas a desenvolver pressão alta, especialmente se estiverem acima do peso ou obesas. (5)
. Genética - história familiar porque hipertensão tende a repetir em membros da família. (8)
. Doença renal crônica - pressão alta pode ocorrer como resultado de doença renal e ter hipertensão aumenta o risco de mais danos nos rins (ciclo vicioso). (9)
. Resistência à insulina e níveis elevados de açúcar no sangue - o consumo excessivo de carboidratos a partir de grãos refinados e açúcares pode elevar os níveis de açúcar e triglicerídeos no sangue, condições comuns em pessoas com hipertensão. (10)
. Diabetes – Em torno de 75 por cento dos adultos com diabetes desenvolvem também pressão arterial alta. Hipertensão e diabetes são doenças interligadas e que compartilham uma sobreposição significativa nos fatores de risco. Além disso, indivíduos com hipertensão frequentemente apresentam evidências de resistência à insulina. (11, 12)
. Inatividade física ou estilo de vida sedentário - pesquisas sobre atividade física indicam que o nível de atividade física sugerido pelas diretrizes atuais de saúde não é suficiente para reduzir nossos riscos de problemas cardiovasculares. (13, 14)
Nosso corpo foi projetado para se mover e não para passar longos períodos sentados atrás de uma mesa de escritório, ou em um sofá vendo televisão. Nos manter ativos e em movimento é crucial a uma vida saudável.
E o exercício físico está no topo da lista de fatores com capacidade de transformar nossa saúde através de benefícios significativos em nossa fisiologia, como a redução da pressão arterial, melhora dos níveis de glicose em jejum, melhora do sono, diminuição do estresse e muito mais.
. Excesso de peso ou obesidade - Estima-se que 60-70% da hipertensão em adultos esteja atribuída ao aumento da gordura corporal. Principalmente o aumento da gordura localizada na região central do corpo, que também está associado à resistência à insulina e à dislipidemia (então, vamos perder a barriguinha?). (15)
. Apneia do sono – A apneia do sono, marcada pela interrupção e abrupto retorno da respiração durante o sono, roncos altos e engasgos que se repetem durante a noite, diminuindo assim o recebimento de oxigênio no sangue. (16, 17)
Consequentemente, não recebendo oxigénio suficiente pode danificar o revestimento das paredes dos vasos sanguíneos, causando disfunção endotelial.
A apneia do sono também torna hiperativo o sistema nervoso, que como consequência, produz substâncias que com o tempo, aumentam o risco de elevação na pressão arterial, entre outros mecanismos.
. Fumar - Fumar cigarros e tabaco, mesmo no caso de fumantes passivos pode elevar o risco de doenças cardíacas e pressão arterial através de disfunção endotelial, rigidez arterial, inflamação, modificação lipídica, etc. (18, 19)
. Hiperlipidemia, dislipidemia - níveis elevados de qualquer um ou de todos os lipídios ou lipoproteínas no sangue. Uma possível explicação para a relação entre a hipertensão e a dislipidemia e que estes problemas de saúde compartilham processos fisiológicos comuns e qualquer alteração dos lipídios pode prejudicar a regulação da pressão arterial. (20)
Estresse crônico - O estresse desencadeia a produção de uma onda de hormônios do estresse no sangue, que produzem alterações fisiológicas bem orquestradas em todo o corpo. (21, 22, 23)
Por sua vez, esta produção de hormônios de maneira continua e sem pausa, pode sobrecarregar praticamente todos os sistemas do corpo, aumentando desta maneira nosso risco para muitas condições crônicas de saúde, incluindo a hipertensão.
. Consumo de álcool – O consumo diário e excessivo de bebidas alcoólicas causa constrição dos vasos sanguíneos e um aumento simultâneo do fluxo sanguíneo e da frequência cardíaca, independentemente da etnia, sexo e idade da pessoa. (24, 25)
Por exemplo, mesmo quem tem pressão arterial normal, se tomar três ou mais drinques seguidos vai causar aumento temporário da pressão sanguínea. E o consumo excessivo e frequente de bebidas alcoólicas está relacionado a hipertensão.
. Dieta não saudável – dietas que incluem alimentos processados e refinados, ou seja, fontes não somente de sódio, mas também de carboidratos altamente refinados, de açúcar, além de conservantes e químicos usados na fabricação destes “chamados alimentos”. (26)
E evidências associam o consumo de açúcar num geral e da frutose em particular, como exercendo um papel importante no desenvolvimento da hipertensão e do aumento do risco cardiovascular em geral. (27, 28)
. Dieta rica em sal refinado - o sódio e um importante nutriente para o corpo, que contribui com o perfeito funcionamento de nervos e músculos. (29)
Além disto, o sódio está envolvido na regulação de líquidos no nosso corpo e grandes quantidades de sal na dieta de indivíduos sensíveis pode gerar um grande desafio para os rins de excretarem este excesso, podendo assim alterar a função renal, fluido hormonal, o sistema vascular, coração e/ou alterações no sistema simpático central, predispondo ao aumento da pressão arterial. (30, 31)
. Dieta com baixos níveis de potássio – A baixa ingestão de potássio na dieta esta associada ao aumento da pressão arterial, ao aumento do risco de acidente vascular cerebral e ao aumento do risco de doença renal crônica. (32, 33)
O potássio ajuda a equilibrar a quantidade de sódio em nossas células e também a relaxar as células de nossas artérias, o que reduz a pressão arterial. E a deficiência de potássio induz consistentemente a retenção de sódio.
. Dieta pobre em minerais essenciais - cálcio e magnésio são minerais essenciais na regulação da pressão arterial.
Um aumento na ingestão de minerais como potássio, magnésio e cálcio por meios dietéticos, através do aumento do consumo de frutas e vegetais mostra ser eficiente em reduzir a pressão arterial. (34, 35)
. O uso de anti-inflamatórios não esteroides (NSAIDs) - o uso de medicamentos vendidos sem prescrição médica para o tratamento de dores, febre e inflamação, como Advil, Motrin, Aleve, Voltarem, Feldene, etc., podem causar o agravamento da hipertensão existente ou desencadear o desenvolvimento da pressão arterial alta.(36, 37)
. O uso de medicamentos para tosse, resfriados e descongestionantes – as medicações usadas para tosse e resfriados geralmente contém descongestionantes que causam a elevação da pressão sanguínea e da frequência cardíaca, constringindo todas as nossas artérias e não apenas as do nariz. (38, 39)
. O uso de alguns medicamentos prescritos, como os usados após transplantes de órgãos, pílulas anticoncepcionais, antidepressivos, etc., podem causar ou agravar a hipertensão em alguns indivíduos. (40)
. O uso de certos suplementos fitoterápicos, como ginseng, alcaçuz, guaraná, efedrina (ma-huang), erva de São João, cohosh azul, etc., podem causar ou agravar a hipertensão arterial. (41)
. O uso de drogas ilegais - cocaína, etc., aumenta a pressão arterial. (42)
. Gravidez. A gravidez pode agravar a hipertensão existente, ou pode causar o desenvolvimento de pressão alta (hipertensão induzida pela gravidez ou pré-eclâmpsia). (43)
. Problemas de tireoide - Quando a glândula tireoide não produz suficientemente hormônios da tireoide (hipotireoidismo), ou produz hormônios da tireoide em excesso (hipertireoidismo), pode ocorrer hipertensão.
O hipotireoidismo é reconhecido como causa de hipertensão secundária e o hipertireoidismo aumenta os riscos para vários problemas cardiovasculares, como fibrilação atrial (um ritmo cardíaco irregular), hipertensão, doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. (44, 45, 46)
. Hiperparatireoidismo - As glândulas paratireoide regulam os níveis de cálcio e fósforo em nosso corpo. Se estas glândulas se tornam hiperativas e secretam hormônio da paratireoides (PTH) em excesso, como consequência, o nível de cálcio no sangue aumenta - o que pode desencadear um aumento na pressão sanguínea em cerca de 22 a 50% dos indivíduos. (47)
. Síndrome de Cushing - A síndrome de Cushing, ou hipercortisolismo, ocorre quando o corpo está exposto a altos níveis de cortisol por longos períodos de tempo. E pode ser causada pelo uso de medicação corticosteroide oral ou, também pode ocorrer quando o corpo produz muito cortisol, podendo causar hipertensão secundária, perda óssea e diabetes tipo 2. (48)
. Microbiota intestinal - evidências sugerem que a microbiota intestinal (flora intestinal) é fundamental na manutenção da homeostase fisiológica.
E a disbiose na microbiota intestinal está associada à hipertensão. Assim como a diminuição na diversidade da microbiota intestinal, causada principalmente por dietas restritivas, está associada à maioria das doenças crônicas modernas, incluindo a hipertensão. (49, 50)
Como você pode concluir, existem muitos outros fatores e condições associados ao aumento do risco de desenvolver hipertensão.
E se você possui um ou vários fatores de risco para hipertensão, lembre-se que mudanças na dieta e estilo de vida são as ferramentas mais poderosas que podem ser usadas para prevenir e reverter não somente o risco da hipertensão, mais também diminuir o risco de desenvolver todas as doenças crônicas modernas.
Na parte 4 desta série, vou começar a falar sobre estas mudanças na dieta e no estilo de vida afim de prevenir e reduzir naturalmente a pressão arterial alta (e mantê-la sempre controlada).
Vejo você em breve e por favor, deixe seu comentário abaixo.